segunda-feira, 15 de novembro de 2021

JOSÉ MARINHO DE GÓES, A SAGA DE UM BENFEITOR

JOSÉ MARINHO FALCÃO DE GÓES, nasceu em Quixadá no dia 21 de fevereiro de 1876, era filho de Major Gaudioso Simão de Castro Góes e de Joanna Lydia Barreiro Marinho Falcão, foi casado com sua prima ANGELINA DE GÓES SALDANHA ELLERY (depois ANGELINA ELLERY MARINHO DE GÓES), filha de Eduardo Saldanha Ellery e de Angélica de Castro Góes

Ficou órfão de pai aos 9 anos de idade, em 1893, aos 17 anos embarcou para Europa onde formou-se em Agronomia, na cidade de Louvain, na Bélgica, de volta ao novo mundo, foi residir com a mãe no Sítio São José, em Guaramiranga.  

Em 1905, após a construção da casa, JOSÉ MARINHO passou a residir no Sítio Logradouro, vizinho ao Sítio São José, adquirido junto a firma Boris & Frères, por trinta e cinco mil contos de reis.

JOSÉ MARINHO GÓES ao regressar da Europa encontra uma Serra em franca decadência, consequência do empobrecimento e dívidas dos produtores de café[1], sendo um homem de visão acreditou na recuperação e já em 1940 era proprietário de oito sítios em Guaramiranga, tais sejam: Sítio Nancy e Casablanca, Sítio São José e Logradouro, Sítio Sobradinho, Sítio Batalha (depois viria a ser o campo de fruticultura do governo federal), Sítio Estados Unidos e Sítio Assaré. Sem falar em outros fora de Guaramiranga, como os Sítio Tijuco e Tijuquinha, em Baturité, Pau d'Alho, em Pacoti, e Fazenda Cachoeira, em Uruquê, Quixeramobim.

Mas o que diferenciou JOSÉ MARINHO GÓES dos demais homens do seu tempo, foi a benevolência com a causa pública, a religiosidade e a humanidade, veja os feitos:

O casal JOSÉ MARINHO GÓES e ANGELINA ELLERY MARINHO DE GÓES a pedido do Frei Reinaldo Marinho de Itapipoca, fizeram por volta de 1940, a doação de parte do Sítio Nancy, que confinava com a área do Convento da Gruta, doada por D. Ana Felícia Caracas, ampliando a área dos frades até as margens do Riacho Nancy, possibilitando-os realizarem plantações de hortaliças e pomares, a nova área também proporcionou uma melhor contemplação à natureza, como era esse o desejo deles.[2] 

Sempre preocupada com a educação dos menos favorecidos, D. ANGELINA ELLERY MARINHO DE GÓES,[3] em 18 de outubro de 1954, fez doação de todo o restante do Sítio Nancy a Arquidiocese de Fortaleza, com a promessa de que nele fosse instalado um “serviço social de proteção aos meninos pobres de Guaramiranga”, ficando o imóvel administrado pelo Padre Dourado.[4]

A benevolência a causa pública deu-se ainda antes da emancipação do Munícipio, quando doa uma parte do Sítio Nancy ao então Munícipio de Pacoti, destinado a construção do prédio dos correios e para construção de uma praça pública no então Distrito de Guaramiranga.[5]

Nesse imóvel foi inaugurado no dia da emancipação do município de Guaramiranga, o Posto de Saúde e Puericultura de Guaramiranga, que levou o nome da doadora ANGELINA ELLERY MARINHO DE GÓES, foto abaixo a época, de Levi Jucá e da atualidade do Google Maps.



JOSÉ MARINHO GÓES e ANGELINA ELLERY MARINHO DE GÓES sempre se preocuparam com a educação e formação profissional dos mais carentes. Sendo pessoas extremamente caridosas, criaram e educaram muitas crianças até a idade adulta: sobrinhos, afilhados e filhos de parentes ou de velhos conhecidos. Alguns se tornara padres e freiras por seu intermédio. Financiaram estudos, livros e usaram toda influência para conseguir vagas em internatos, seminários e conventos.

O casal não teve filhos, mas perfilhou seu sobrinho José Ellery Marinho de Góes, nascido em 23 de Outubro de 1923 que casou com Maria Emília de Mattos Brito Góes.

Esse casal José Ellery Marinho de Góes e Maria Emília de Mattos Brito Góes ainda fizeram doação de uma área desmembrada do Sítio Nancy, para que fosse aberta uma estrada ligando a Rua Raimundo Nonato da Costa a CE065, que leva a Baturité ou Pacoti, que depois passou a denominar-se de Av. Vicente Soares.[6]

O casal José Ellery Marinho de Góes e Maria Emília de Mattos Brito Góes ainda doaram ao município parte do Sítio Monte Greppo, onde hoje se encontra o prédio do Fórum, construído pelo Desembargador José Maria de Melo, doação do imóvel realizada pela prefeitura, bem como do prédio do Teatrinho, ambos construídos na administração do prefeito Dráulio Holanda.  

Com colaboração dos escritos de Cláudia Góes.   


[1] O plantio usual na Serra com temperatura alta ao dia de pleno sol, quando da florada para uma fecundação ideal o cafeeiro exige uma temperatura constante entre 18-22 graus centígrados, caso contrário, as flores abortam e reduzem a produção, notadamente nas plantações mais antigas, o solo também não ajudava, já chegando aos 100 anos da introdução do café nos solos serranos, nos idos do ano de 1822, já eram visíveis o adensamento dos solos, fruto do uso inadequado nas terras íngremes, sem a menor consciência de utilização de técnicas de conservação do solo; tudo aliado a própria queda do preço no mercado internacional, causado pela superprodução no Sul do País e na Colômbia e países asiáticos. Culminando fatalmente com a queda da bolsa de 1929.   

[2] D. ANGELINA ELLERY MARINHO DE GÓES era muito religiosa, trouxeram para Pacoti as irmãs da Congregação de São Vicente de Paulo, de origem francesa, doando para elas a primeira casa onde funcionou inicialmente o Patronato Imaculada Conceição, fundado em 1º de maio de 1932 e logo depois toda a área do atual Instituto Maria Imaculada.

[3] JOSÉ MARINHO FALCÃO DE GÓES já havia falecido no Rio de Janeiro, em 3 de março de 1945, D. ANGELINA faleceu em Fortaleza, em 8 de janeiro de 1958.

[4] Lamentavelmente a propriedade voltou aos familiares do casal, por força de uma cláusula contratual qual estipulava que, se depois de decorridos cinco anos não fossem cumpridas as finalidades acordadas na doação, a propriedade voltaria ao patrimônio dos doadores. O que só aconteceu depois de decorridos dezoito anos, em 3 de maio e 1972.  

[5] Hoje, o imóvel doado ainda se destina ao funcionamento dos Correios, da praça em frente à Prefeitura, que leva seu nome, sendo ainda que nele também foi construído o chamado Centro Comunitário, realizado na administração do governador Adauto Bezerra e do prefeito Capitão Macário Nery, tempos depois a quadra poliesportiva passou para o domínio do Estado do Ceará e o restante passou a funcionar a atual Secretaria de Ação  Social do Município, grande número de outros prédios públicos estão na segunda metade deste imóvel, como a Câmara Municipal,  a Secretaria da Educação e da Infraestrutura (obras), estes três ainda construídos na administração do prefeito Francisco Farias Filho (Fariínha), a Creche Rita Célia, o Espaço Sempre Viva (atenção a deficientes), o Instituto de Previdência Municipal e outros.

[6] Essa é a principal via que dá acesso ao Conjunto Frei Domingos, uma área originada de parte do Sítio Nancy, que antes havia sido doado aos Capuchinhos, posteriormente Frei Domingos loteou aos pobres de Guaramiranga.  

2 comentários:

  1. Uma breve contribuição. O sítio Pau do Olho, citado no texto, chamava-se de fato Pau d'Alho ou Pau do Alho, onde encontra-se o complexo turístico Chalé Nosso Sítio na entrada da cidade, sentido Guaramiranga.

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  2. Já Corrigimos, muito obrigado pelo aviso, esperando sempre a sua colaboração e correções.

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